Minhas lembranças são tão nítidas quanto aos nossos momentos
que poderia numera-las e data-las em um caderninho, daqueles de bolso. Lembro do
seu sorriso quando eu entrava no carro já pedindo desculpas pelo atraso e a
música que estava tocando, que fazia com que você tamborilasse os dedos no
volante, enquanto esperava o sinal abrir. Lembro das suas explicações sobre o
mundo e sobre suas escolhas e o quanto nós discutíamos porque eu sempre era a
do contra e não aceitava tais explicações – e o modo como nossas discussões
acabavam – eu fazendo bico, você rindo e me enchendo de beijos ou desarrumando
meu cabelo.
Ainda sinto o cheiro do seu perfume quando passo por algum
estranho e meu cérebro instantaneamente registra esse cheiro, fazendo com que
eu me visse com uma roupa sua porque sentia frio enquanto você andava pela casa
sem camisa e de pé no chão. Mesmo odiando o frio, adorava estar com os pés
frios para que você os esquentasse enquanto reclamava do meu cabelo no seu
rosto.
Lembro que não conseguia tomar uma taça de vinho sem sentir
sono e você me ensinou a beber o melhor Tannat de modo impecável. Na verdade, lembro
que foram várias garrafas que acabavam rolando no chão quando tropeçávamos em
direção à cama. É na cama que tenho as nossas maiores lembranças... não sexuais,
mas aquelas lembranças que eu não falava nada e você ficava abraçado em mim,
esperando que eu dissesse algo. Ou quando você sussurrava que sentia minha
falta e falava aquelas palavrinhas que só de pensar em falar, eu engasgava.
Lembro que muitas vezes, eu queria lhe perguntar do que você
lembrava, mesmo quando não havia mais um ‘nós’ pra lembrar. Entre tantas
lembranças, não consigo decidir a lembrança mais gostosa de lembrar. Só sei que em todas elas, tinha você.
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