quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O vento


Posso sentir o vento na cara enquanto caminho lentamente - em contraste ao meu pensamento, que corre em um frenesi sem fim, correndo em busca de algo que nem posso descrever com palavras coesas. Essa busca tem altos e baixos, onde, no auge da "curiosidade" o pensamento não dá descanso ao corpo, que se sente fatigado, exausto. Quando a "curiosidade" passa, posso sentir um sono tão profundo, que não levantaria da cama por dias inteiros.

Essa busca não tem fim, não aparenta ter nome e nem fundamento; parece ser meu cérebro achando mais um espacinho em meio aos meus ossos para se expandir - e às vezes, o sinto - seja em uma enxaqueca ou num gole de cerveja. O vento, que agora se torna mais intenso me faz abrir os olhos, com toda a força, para sentir o sol que bate rente à pele, que aquece - e que acalma os pensamentos.





("...não sei se me levo ou se me acompanho")

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Trilhos


O dia corre bem, na sua rotina, sem se importar com os ponteiros que insistem em correr. O silêncio das suas palavras responde a inquietude do seu peito, que parece gritar tamanho o aperto que sente-se dele. A luta contra o peito oprimido é constante e, como uma luta de gladiadores, nunca há um vencedor exato; hora em que a cabeça se sobressai e acha que passou, que não há mais nada a lutar; hora em que o peito oprime-se de tal maneira e causa uma dor tão intensa, tão sufocante que nada pode aliviar. Nessa hora, os olhos, antes opacos, ficam brilhantes de lágrimas, que parecem ser o único elixir para deixar o peito um pouco mais calmo por um tempo - determinado.

Tudo parece mais frio, mais difícil após as lágrimas secarem e a serenidade que se apossava do rosto foi embora. Só resta o medo e o tremor que impedem qualquer passo a frente, qualquer passo que esteja nos trilhos.


(Ruas de Outono - Ana Carolina)