quarta-feira, 30 de maio de 2012

Borboletas


Sempre que alguém sente algo diferente ou vê alguém que queria ver, menciona as borboletas no estômago. Pois bem, eu também as tenho, e são de estimação.

Alguns dias, elas ficam quietinhas, como se tivessem abandonado a morada; noutros, elas ficam em tal estado de inquietação que chego a sentir azia... se ao menos fossem comportadas! Não entendo tanto alvoroço por nada, como se quisessem mostrar-se.
Quando voltam a ficar quietinhas, acontece algo - e sim, eu sou a culpada por isso - e elas recomeçam seu vôo inquieto. Mas dessa vez, sem azia. Apenas sinto suas asas fazendo cócegas em mim.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Remember


Minhas lembranças são tão nítidas quanto aos nossos momentos que poderia numera-las e data-las em um caderninho, daqueles de bolso. Lembro do seu sorriso quando eu entrava no carro já pedindo desculpas pelo atraso e a música que estava tocando, que fazia com que você tamborilasse os dedos no volante, enquanto esperava o sinal abrir. Lembro das suas explicações sobre o mundo e sobre suas escolhas e o quanto nós discutíamos porque eu sempre era a do contra e não aceitava tais explicações – e o modo como nossas discussões acabavam – eu fazendo bico, você rindo e me enchendo de beijos ou desarrumando meu cabelo.



Ainda sinto o cheiro do seu perfume quando passo por algum estranho e meu cérebro instantaneamente registra esse cheiro, fazendo com que eu me visse com uma roupa sua porque sentia frio enquanto você andava pela casa sem camisa e de pé no chão. Mesmo odiando o frio, adorava estar com os pés frios para que você os esquentasse enquanto reclamava do meu cabelo no seu rosto.

Lembro que não conseguia tomar uma taça de vinho sem sentir sono e você me ensinou a beber o melhor Tannat de modo impecável. Na verdade, lembro que foram várias garrafas que acabavam rolando no chão quando tropeçávamos em direção à cama. É na cama que tenho as nossas maiores lembranças... não sexuais, mas aquelas lembranças que eu não falava nada e você ficava abraçado em mim, esperando que eu dissesse algo. Ou quando você sussurrava que sentia minha falta e falava aquelas palavrinhas que só de pensar em falar, eu engasgava.

Lembro que muitas vezes, eu queria lhe perguntar do que você lembrava, mesmo quando não havia mais um ‘nós’ pra lembrar. Entre tantas lembranças, não consigo decidir a lembrança mais gostosa de lembrar.  Só sei que em todas elas, tinha você.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Zona de conforto

Estou evitando ouvir certas músicas,
ir em certos lugares,
ler certos livros.

Estou ansiosa pra ir em certos lugares
pra ouvir certas músicas.
Sei que quando chegar nesse lugar
ouvirei as músicas que quero,
mas, em compensação,
receberei uma bolada
de lembranças,
cheiros e sons.

Invadirei sua zona de conforto,
estarei na sua área e,
devo admitir,
não estou preparada.

Não quero encontrar nada
familiar,
apenas encontrar o que
necessito por hora.